1. Sobre este espaço virtual

Este espaço é uma espécie de diário virtual das minhas descobertas pessoais e anotações de estudos importantes que venho fazendo sobre os povos nativos da América, com foco especial no tronco linguístico Tupi, e entre esses com ênfase nos povos da família Tupi-Guarani, visando reencontrar um ethos Tupinambá possível de ser vivido hoje após cinco séculos de violência e aculturação numa realidade prática dos dias atuais mas mantendo suas fortes raízes com a mentalidade originária dessa terra e envolvido com a problemática dos indígenas nesse processo de invasão.

Não falo por ninguém além de mim mesmo e não sou porta-voz dos Tupinambá aldeados. Apenas quero oferecer alguma ajuda nesse processo de resistência cultural, tanto a mim quanto aos outros, auxiliando a manter viva a Memória. Sei que é insuficiente, mas é o que me restou atualmente. As informações aqui são sempre que possível ampliadas e atualizadas, e seu propósito não é mais que ajudar a manter meu foco pessoal e talvez mostrar que é possível “voltar a ser indígena”, como Viveiros de Castro falou na sua obra La mirada del jaguar.

Sigo a metodologia de pesquisa reconstrucionista, o que significa que por enquanto a principal matéria que uso são artigos acadêmicos e livros, em especial de antropologia e etnografia, além das crônicas quinhentistas, para através de comparação e análise crítica das fontes reconstituir o que for possível da “filosofia” Tupi e do modo-de-ser Tupinambá, em especial como era vivido pelos chamados Kaeté, de uma forma que seja coerente com povos Tupinambá extintos e Tupi-Guarani ainda vivos.

Além disso, a voz de lideranças como Aílton Krenak e Daniel Munduruku através de vídeos tem sido de extrema importância nesse processo de reconstrução de minha identidade enquanto fruto de um etnocídio: eles parecem ser das poucas vozes calmas e sãs no meio dessa gritaria boçal que se tornou o Brasil “post-Whatsapp”.

Se o Destino for alguma coisa caridoso comigo, em breve talvez poderei vivenciar isso mais intensamente com um povo que não tenha sido destruído pelo contato violento da civilização brasileira. Meu objetivo não é só simplesmente assaltar os povos indígenas culturalmente, é minha obrigação também os ajudar como puder. Minha profunda admiração por minhas raízes e a mínima compreensão delas me impede de silenciar perante a coleção de injustiças absurdas que vêm sido cometidas contra os povos originais dessa terra, pois, como dizem os Araweté: “só os mortos esquecem”.

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