2. Quem são e foram os Tupinambá?

Segundo Eduardo Bueno, o nome "tupinambá" é oriundo do tupi tubüb-abá, significando "descendentes dos primeiros pais", através da junção dos termos tuba (pai), ypy (primeiro) e abá (homem). Já o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro sugere a etimologia "todos da família dos tupis", através da junção de tupi (tupi), anama (família) e mbá (todos).

No século XVI, os Tupinambá eram senhores da longa faixa costeira que ia do litoral norte de São Paulo à ilha Tupinambarana, no rio Amazonas, passando pelo Recôncavo Baiano, pela foz do rio São Francisco, pelo Maranhão e pelo Pará. Nessa época, os tupinambás somavam cerca de 100.000 indivíduos e eram a nação indígena mais conhecida de toda a costa brasileira pelos navegadores europeus do século XVI. Atualmente, o principal grupo tupinambá reside no sul do estado da Bahia, conhecidos como os tupinambás de Olivença e somam cerca de 4.700 pessoas.

Os tupinambás moravam em aldeias formadas por grandes habitações feitas de madeira e palha, as malocas, de até cem metros de comprimento e cinco metros de altura. Cada maloca abrigava várias famílias, cada uma com seu próprio espaço e fogo, e cada pessoa dormia na sua própria rede. Era normal uma aldeia ter de trezentas a até mil pessoas. Segundo o IBGE, cada grupo local ou tribo tupinambá se compunha de cerca de seis a oito malocas, com a população de cada tribo variando de cerca de duzentos a até cerca de seiscentos habitantes.

As malocas eram construídas ao redor de um terreiro: uma clareira no meio da aldeia para reuniões políticas, comemorações e rituais, etc.  Não era raro que os índios cercassem a aldeia com um muro de pau-a-pique (com seteiras) e uma cerca de madeira.

Cada maloca tinha seu próprio chefe, os quais podiam se reunir no terreiro para debater questões da aldeia. Em tempos de guerra, a aldeia podia escolher um chefe principal, normalmente um grande guerreiro, para fazer decisões para todos.

Apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança, que resultava sempre em guerras sangrentas. As nações Tupis guerreavam entre si com frequência, viajando semanas ou até meses para atacar os inimigos. Os invasores usavam canoas para navegar rios e levavam farinha de mandioca seca como suprimento. A arma principal dos tupinambás para a guerra e para a caça era o arco e flecha, que eles manejavam com grande habilidade. Na guerra, alguns também usavam escudos de vime e lanças.

Essas guerras fratricidas foram muito usadas pelos colonizadores europeus para facilitar o processo de conquista e dominação. Os inimigos capturados foram mortos, assados, e ingeridos em cerimônias honrosas, e as dimensões espirituais desses rituais antropofágicos não foram muito bem compreendidas pelos invasores europeus cristãos da época. A guerra e os banquetes antropofágicos reforçavam a unidade da tribo: por meio da guerra era praticada a vingança dos parentes mortos, enquanto o ritual antropofágico significava para todos, homens, mulheres e crianças, a lembrança de seus bravos. O dia da execução era uma grande festa.

Os tupinambás não usavam roupas, mas enfeitavam seus corpos com penas vermelhas e amarelas, e colocavam pedras coloridas em furos nos lábios e bochechas. Alguns usavam brincos e colares de búzios, e os homens raspavam os cabelos de cima, deixando uma “coroa” de cabelo muito parecida à tonsura dos monges europeus. As mulheres deixavam o cabelo comprido. Eram grandes apreciadores de música, cantando cantigas ao som de tambores e maracás quando dançavam.

Os tupinambás viviam da caça, coleta, pesca, além de praticarem a agricultura, sobretudo de tubérculos, como a mandioca e a horticultura. A divisão de trabalho era por sexo, cabendo aos homens as primeiras atividades e às mulheres o trabalho agrícola, exceto a abertura das clareiras para plantar, feita à base da "queimada", tarefa essencialmente masculina. As mulheres trabalhavam no plantio e colheita de alimentos, fabricação de farinhas, criação das crianças,  o preparo das comidas e o artesanato (confecção de vasos de argila, redes e demais tecidos, etc). Os homens caçavam e pescavam, derrubavam o mato para plantio, buscavam lenha, fabricavam canoas, e participavam de expedições guerreiras. Instrumentos de guerra - arcos e flechas, maças, lanças - eram feitos pelos homens. Os artefatos de guerra ou de trabalho eram de madeira e pedra, e desta última eram inclusive os machados com que cortavam madeira para vários fins.

O casamento entre tupinambás priorizava a união avuncular (tio materno com sobrinha), ou entre primos cruzados, mas necessitava que o jovem passasse por testes, sendo o principal deles um cativo de guerra para o sacrifício.

A economia dos tupinambás era de subsistência, recolhendo e caçando apenas pelas necessidades. Cada família possuía uma plantação própria de mandioca, que os índios comiam com peixe e carne de caça. Outros produtos agrícolas comuns incluíam milho, frutas, abóbora, feijão, tabaco, e algodão. Após a chegada dos Europeus, era comum a prática de escambo, trocando comida ou serviços por iscas, facas e outros bens manufaturados com técnicas europeias.

Entre os tupinambás eram comuns as referências a "heróis civilizadores". Esses heróis eram seres poderosos que haviam criado ou dado início à civilização indígena. Também era comum a intercessão dos pajés junto aos espíritos através do uso dos marocás, chocalhos místicos cujo uso era obrigatório em qualquer cerimônia. Os pajés, como líderes espirituais dos tupinambás, praticaram diferentes formas de medicina e comunicaram-se com os espíritos para fazer profecias, pedidos, e expulsar espíritos malignos.

Fontes:

IBGE: Modo de vida dos Tupinambás ou Tupis
Wikipedia
Tupinambás
Britannica Escola: Tupinambá

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